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Um implante é uma raiz artificial que serve de base para um novo dente, restaurando a aparência e a função. Mas a grande questão é: que material escolher?

A História dos Implantes de Titânio

Os implantes de titânio revolucionaram a medicina moderna, sobretudo nas áreas da medicina dentária, ortopedia e neurocirurgia. Esta história começa na Suécia, na década de 1950, com a descoberta experimental de que o titânio se unia firmemente ao osso, fenómeno a que se deu o nome de osseointegração — a união directa e funcional entre o osso e a superfície de um material.

Primeiras aplicações em humanos

Nos anos 1960, o Prof. Brånemark iniciou os primeiros tratamentos em humanos. Um dos seus primeiros pacientes foi um homem sueco que, após um acidente, perdeu os dentes do maxilar inferior. Recebeu implantes dentários de titânio integrados directamente no osso. O sucesso foi tal que os implantes duraram até ao fim da sua vida, mais de 40 anos depois.

Expansão do uso médico

Na década de 1980, com a padronização dos métodos cirúrgicos e a industrialização dos implantes, o uso de titânio disseminou-se globalmente. Além da medicina dentária, passou a ser usado em:

  • Ortopedia: próteses de anca, joelho e coluna;
  • Cirurgia craniofacial: reconstruções ósseas após traumatismos ou tumores;
  • Neurocirurgia: placas e parafusos para estabilização da coluna;
  • Cardiologia: estruturas para suportar válvulas cardíacas artificiais.

Vantagens do titânio em implantes dentários

  • É altamente resistente e leve;
  • Material relativamente barato e simples de trabalhar;
  • Comparado a outros metais, é pouco susceptível à corrosão quase não reagindo com os fluidos corporais;
  • A sua superfície pode ser tratada para estimular a integração óssea;
  • Possui longa durabilidade, podendo manter-se funcional durante décadas.
  • É a escolha mais comprovada e utilizada no mundo, desde os anos 1960’s.
  • Se o foco é uma solução longamente testada, o titânio é a escolha ideal para si.

Limitações e desvantagens do titânio em implantes dentários

Os implantes de titânio são feitos a partir de ligas metálicas de titânio.

Nenhum metal ou liga é completamente inerte in vivo, podendo sofrer corrosão em maior ou menor grau e, embora as ligas de titânio sejam das mais resistentes, também sofrem corrosão libertando micropartículas e iões no organismo.

Hipersensibilidades, alergias e repostas autoimunes

Resposta local

O sintoma clássico da hipersensibilidade aos metais é a dermatite alérgica de contato, que afeta 10 a 15% da população. As lesões inflamatórias, além dos sintomas desconfortáveis, são clinicamente visíveis na pele dos pacientes.

Uma resposta inflamatória similar ocorrerá no local de contato do implante dentário metálico com o osso, manifestando-se clinicamente, neste caso, por inflamação com perda do osso de suporte em torno dos mesmos (peri-implantite).

Peri-implantite: perda óssea por inflamação em torno do implante.

Resposta geral

Vários estudos demonstraram que os iões que se libertam de implantes metálicos, dentários e ortopédicos, além de se concentrarem em torno dos mesmos, podem ser detetados em linfonodos regionais, no tecido pulmonar, no plasma sanguíneo e até na urina. Em pessoas susceptíveis, com um sistema imunitário hiperactivo, a exposição crónica a estes metais pode causar numerosos outros sintomas, como inflamação crónica generalizada, desenvolvimento ou agravamento de respostas auto-imunes, dores articulares e musculares, comprometimento cognitivo (névoa cerebral), depressão e dores de cabeça.

A hipersensibilidade a metais também tem sido implicada na etiologia da síndrome da fadiga crônica, doenças autoimunes, fibromialgia e sensibilidade química múltipla.

Efeitos Imunológicos dos Metais

No corpo, os iões metálicos podem ligar-se firmemente às células, e proteínas do indivíduo, mascarando-as e tornando-as irreconhecíveis para o sistema imunitário*, levando a uma resposta de ataque autoimune, o que pode agravar situações autoimunes que a pessoa já tinha ou criar novas perturbações auto-imunitárias.

(*para precisão científica, tecnicamente diz-se: modificação de epítopos autólogos, ou seja, haptenização; Em indivíduos suscetíveis, as células T reconhecem falsamente as proteínas modificadas como estranhas e iniciam um ataque autoimune).

A História dos Implantes Cerâmicos

Dr. João Pedro Almeida com o Prof. Sammy Sandhaus, em Madrid 2017.

Origens e primeiros usos médicos

Em 1960, Sandhaus foi o primeiro a utilizar em medicina implantes cerâmicos de Alumina (óxido de alumínio).

Nas décadas seguintes, anos 60, 70 e 80, vários investigadores foram utilizando experimentalmente vários sistemas e formulações químicas de implantes cerâmicos, tentando ultrapassar desafios iniciais relacionados com a fragilidade do material e a dificuldade de fabrico preciso.

Na década de 1990, com os avanços na engenharia de materiais, surgiram cerâmicas mais resistentes, como a zircónia tetragonal estabilizada com ítria (Y-TZP), que apresentava alta tenacidade à fratura. Durante essa década, ocorreu o desenvolvimento e aperfeiçoamento destes implantes dentários, pela sua utilização experimental até ao início dos anos 2000.

Em 2004 é relatado por Kohal & Klaus o primeiro caso de utilização clínica dos atuais implantes cerâmicos de zircónia tetragonal estabilizada com ítria (Y-TZP),sendo esteo material que utilizamos hoje. Estas cerâmicas técnicas são extremamente duras, resistentes ao desgaste e quimicamente inertes, ou seja, não reagem com os tecidos ou fluidos do corpo humano.

Os implantes cerâmicos de zircónia são, portanto, os implantes do séc. XXI, que mostram boa osseointegração, comparável à do titânio e são mais resistentes à acumulação de placa bacteriana, o que pode reduzir o risco de peri-implantite.

A CMI é uma das clínicas com mais experiência em Portugal com implantes cerâmicos, oferecendo esta opção de reabilitação desde 2017 , partilhando através do seu centro de formação, conhecimento e experiência em cursos avançados de implantologia cerâmica para médicos dentistas.

Implantes Cerâmicos: Vantagens

Apesar de serem muitas vezes promovidos pela sua estética superior, os implantes cerâmicos destacam-se pela sua segurança biológica única:

  • São quimicamente estáveis – não reagem com fluidos biológicos;
  • Não sofrem corrosão galvânica, como os metais em contacto com saliva ou fluídos inflamatórios;
  • Não libertam iões metálicos, que podem acumular-se em tecidos ou linfonodos;
  • Reduzem drasticamente o risco de hipersensibilidades tardias, doenças autoimunes e inflamações crónicas associadas a implantes metálicos;
  • São ideais para pacientes imunossensíveis, com historial de doenças inflamatórias ou alergias a metais como níquel, crómio ou mesmo titânio.
  • A sua utilização crescente não é moda, é a resposta clínica a uma população cada vez mais consciente dos materiais que integra no organismo, alinhando a sua saúde oral com uma consciência holística de bem-estar do seu corpo.

Indicações Preferenciais

  • Pacientes com sensibilidade ou alergia a metais;
  • Casos com historial de doenças autoimunes ou inflamações crónicas;
  • Zonas altamente estéticas (anterior superior, por exemplo);
  • Pacientes que preferem tratamentos livres de metais por escolha pessoal ou filosófica;

Curiosidades sobre a Zircónia

A zircónia usada em implantes dentários e a zircónia presente em joias, como as da Swarovski, têm muito em comum, pois ambas são formas cristalinas do dióxido de zircónio (ZrO₂). Este material destaca-se pela sua elevada resistência e durabilidade. Embora a zircónia dentária seja especialmente processada para ser biocompatível e suportar as forças da mastigação (forma cristalina tetragonal) e a zircónia das joias seja otimizada para realçar o seu aspeto estético e transparência, com um brilho semelhante ao do diamante (forma cristalina cúbica), a base química e as propriedades fundamentais de ambos os materiais são essencialmente as mesmas.

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